A Língua Geral do Brasil

  • Isabella Caroline do Nascimento da Rosa
  • 15-10-2020
  • (11) Clique se também gostou!

A Língua Geral do Brasil, também conhecida como Nheengatu ou Tupi Moderno, foi falada amplamente no país durante o processo de colonização. Era falada nos aldeamentos nas pregações religiosas de todos os nativos, não importando qual idioma eles falavam, e também era usado na conversão de índios escravizados que viviam em povoados portugueses. Quando os portugueses chegaram ao país, em 1500, o idioma mais falado na costa era o que hoje chamamos de Tupi Antigo. Todos os que falavam variantes desse idioma e todos eram chamados genericamente de tupis e, de acordo com o Padre Jesuíta Simão de Vasconcelos, eles eram considerados os pais de todos os índios da costa. A Língua Geral teve dois principais ramos: A Amazônica e a Meridional. A Amazônica transformou-se, no início do século XIX, no Nheengatu, sendo falada hoje por aproximadamente 6.000 pessoas, num território que se estende pelo Brasil, Venezuela e Colômbia, a Meridional desapareceu completamente no início do século XX.

A Língua Geral Amazônica, hoje conhecida como Nheengatu, era falada pelas tropas e missões que criavam povoamentos na região amazônica, utilizada para catequização e ação social-política portuguesa, na região onde hoje se encontram os estados do Maranhão e Pará . Enquanto a Paulista nasceu do casamento entre homens europeus e mulheres indígenas e foi a língua mais falada na região do Planalto Paulista e São Vicente por mais de um século. Enquanto a LGA foi amplamente documentada, não sobraram muitos documentos sobre a LGP.

Algumas frases em Nheengatu:

Puranga Ara. Bom dia.
Maié taá asasá? Tudo bem?
Puranga te asasá. Estou muito bem.
Kuekatu reté. Muito obrigada.

Conjugação de verbos:

  • Iku - Estar
Ixé aiku eu estou
Indé reiku tu estás|você está
Aé uiku ele(a) está
Iandé iaiku nós estamos
Penhe peiku vós estais|vocês estão
Aintá (ou tá) uiku eles(as) estão
  • Sasá - Passar
Ixé asasá Eu passo
Indé resasá tu passas|você passa
Aé usasá ele(a) passa
Iandé iasasá nós passamos
Penhe pesasá vós passais|vocês passam
Aintá (ou tá) usasá eles(as) passam

Outra característica do Nheengatu, é a existência de pronomes pessoais de primeira e segunda classe. Os de primeira clase são: ixé (eu), indé (tu,você), aé (ele, ela), iandé (nós), penhe (vós, vocês), aintá ou tá (eles, elas), os de segunda classe: se (eu), ne (tu, você), i (ele, ela), iané (nós), pe (vós, vocês), aintá ou tá (eles, elas).

Os de primeira classe são sempre usados com substantivos ou verbos, por exemplo:

Indé kunhã. Você é mulher.
Ixé aiku iké. Eu estou aqui.

Os de segunda classe são usados com alguns adjetivos, exemplo:

Kurumi i kiá O menino (ele) é bonito.

*fonte: USP

Referências:

Barros, Maria Cândida D. M.; Borges, Luiz C.; Meira, Mário. A Língua Geral como identidade construída. V. 39. Revista de Antropologia, São Paulo, USP.

Namarro, Eduardo de Almeida. O último refúgio da Língua Geral no Brasil. Estudos Avançados 26, 2012.

Leite, Fabiana R. A Língua Geral Paulista e o “vocabulário elementar da Língua Geral brasílica”. 2013. Disponível em <http://www.etnolinguistica.org/tese:leite-2013>

http://tupi.fflch.usp.br/. Acessado em 11 de Setembro de 2020.

Isabella Caroline do Nascimento da Rosa, Estudante

Graduanda de Letras e Inglês pela UFPR e professora de Inglês.

Deixe um comentário

Logo UFPR

Línguas em Diálogo é um projeto de extensão do curso de Letras da Universidade Federal do Paraná.
CLIQUE AQUI para ver o cadastro do projeto na intranet da UFPR.